sexta-feira, 3 de abril de 2009

Saudades de Kurt Cobain

Há 15 anos, no dia 5 de abril de 1994, Kurt Cobain, o vocalista do Nirvana loirinho com carinha de capa da revista Capricho foi encontrado morto em sua casa, em Seattle. Se Kurt realmente se suicidou ou se foi suicidado pela sua mulher, Courtney Love, como muitos insistem em afirmar - numa tentativa de fazer dela a Yoko Ono do Nirvana - ainda não é possível saber. Mas é fato que ela mandou demolir a garagem onde o corpo de Kurt foi encontrado e hoje vive dando festinhas na casa onde morou com o líder do Nirvana. Polêmicas à parte, o que se sabe é que depois da morte de Kurt, o movimento grunge ficou de luto e eu fiquei órfã.

Na época eu nem fazia idéia do que seria o grunge para os anos 90, pois ainda vivia a ressaca do punk dos anos 80. Só fui descobrir aquele rock sujo e visceral do trio de Seattle muito tempo depois, mas me lembro que quando ouvi "Smells Like Teen Spirit" pela primeira vez, um novo horizonte musical se abriu em minha vida, para sempre. Eu nunca mais fui a mesma.
E quando comprei o "Nevermind", saí da loja saltitando de tanta felicidade, adolescente que eu era. Eu não parava de ouvir "Come As You Are". Mas preciso confessar uma coisa: sempre odiei "Polly", pois morria de ciúme do Kurt. Pra vocês verem como o ciúme é uma coisa burra: eu não sabia que "polly" é um apelido comum para papagaios nos Estados Unidos, equivalente ao que chamamos de "loro" aqui no Brasil! Só depois de descobrir isso pude me reconciliar com a música.
Tempos depois, fiquei ainda mais feliz quando comprei o "Unplugged In New York", que considero o melhor ábum acústico lançado pela MTV. A faixa "Jesus Doesn't Want Me For a Sunbeam" é sensacional! Mas excelente mesmo foi a versão da música "The Man Who Sold The World", de David Bowie. Até hoje eu ainda ouço esse disco.

Bom, sem mais delongas, decidi prestar uma singela homenagem aos 15 anos da morte de Kurt, postando aqui algumas das versões feitas com a clássica capa do álbum "Nevermind", quase tão parodiada quanto a capa do "Sgt Pepper's".

A começar pela versão dos Simpsons, a mais famosa.


Essa do tubarão eu adoro!



Esse pessoal tem uma criatividade!



Teve até a versão do Lego!



Não sabe quem é o feioso da foto aí embaixo? Pois é ele mesmo, o próprio, Spencer Elden, o bebezão da capa, dezessete anos depois. Visões do inferno... rs



Primeira conclusão de Madame CoCo: algumas crianças não deveriam crescer nunca.



Segunda conclusão de Madame CoCo: alguns discos e líderes drogados de bandas de rock and roll são eternos.

Eis que os adolescentes descobrem o folk e Dorival Caymmi...


Tudo começou com aquele documentário do Martin Scorcese sobre o Bob Dylan. Mas, apesar do frissom causado pelo filme, o cineasta talvez tenha percebido que um vento diferente já estava soprando na música americana. Algumas bandas estavam começando a fazer releituras do folk. Bem, pra isso chegar até aqui não demorou muito.

Na pele de nossa queridinha lindinha e chatinha Mallu Magalhães, o folk se descobriu tupiniquim. Mallu compõe bem ao estilo de Bob Dylan, Johnny Cash e até Elvis, suas principais influências, segundo ela mesma sempre diz. Entretanto, apesar da precocidade musical da garota, que se pode perceber pela sonoridade de suas canções e pela complexidade de algumas composições, as letras retratam ainda o universo de uma adolescente de 16 anos, que está descobrindo o mundo, a vida, a música e a arte. Isso fica claro quando se ouve "Tchubaruba", que gruda nos ouvidos feito um chiclete. Não há muito segredo na música de Mallu Magalhães. Apesar da qualidade técnica, sua fórmula se resume a copiar, copiar, copiar e copiar os ídolos. Se prestar bem atenção, dá até pra ouvir a menina forçando a voz pra cantar que nem Bob Dylan.

Mallu Magalhães é fã de outra banda brasileira que também deu nova roupagem ao folk, o Vanguart. Aliás, a moça até já namorou o vocalista, Hélio Flanders, de 23 anos. Vanguart é, talvez, a grande revelação da cena musical alternativa nacional. Com apenas um ano de estrada, os moleques de Cuiabá já conseguiram gravar um DVD pelo Multishow e suas composições e letras sim, são bem mais complexas. Apesar da clara influência do folk, dá pra perceber que os meninos não estão a passeio. Eles também criam, inventam, se reinventam, diferentemente da Mallu, que segue a mesma forma-fórmula folk sempre.


Mallu Magalhães e Vanguart têm em comum uma mesma origem. Ao contrário dos músicos de gerações passadas, que começaram tocando em garagens e barzinhos underground, estes novos músicos trilharam o caminho inverso. Trancados em seus quartos e com um computador com internet banda larga à disposição, essa garotada se lança primeiro na internet, através do site de compartilhamento de músicas Myspace, pra depois se aventurar a cair na estrada. É a chamada Geração Myspace. Uma geração de adolescentes que já nasceu baixando músicas, que anda com seu MP3 player pra baixo e pra cima, que não precisa do aval das grandes gravadoras para gravar um disco e que tem muita facilidade para cantar e compor em inglês. O músico Renato Russo, que, no DVD acústico da Legião Urbana faz uma crítica severa às bandas nacionais que cantam em inglês, com exceção do Sepultura, deve estar se revirando na tumba agora, vendo essa explosão de bandas brasileiras cantando na língua de Tio Sam. Bem, Vanguart além de compor em inglês e português, também compõe em espanhol, mostrando que pra eles, a música não tem mesmo fronteiras. Aliás, essa banda parece que já nasceu sem saber o que são fronteiras, visto que já estão em turnê pela Europa.

O frontman do Vanguart, Hélio Flanders, é uma mistura de Bob Dylan com Marcelo Camelo adolescente. Com uma cabeleira bem ao estilo indie, ele me lembra vários integrantes de bandas alternativas que eu conheci na cena musical underground de Bauru. E, por mais estranho que possa parecer, o rapaz de apenas 23 anos já está sendo idolatrado como um guru da nova música brasileira. Dessa banda cuiabana, vale a pena ouvir "Los Chicos de Ayer" (South America), "Semáforo" e, pra espanto de muitos, a regravação que eles fizeram de "O mar", do mestre Dorival Caymmi, para o DVD "Multishow Registro". Os garotos conseguiram colocar uma batida bem rock and roll na música, o que a deixou menos maçante se comparada à sua versão original, na voz arrastada e baiana de Caymmi. Ao que tudo indica, Vanguart veio pra abrir um novo caminho na música brasileira, quem sabe fazê-la dar uma respirada. Sejam bem-vindos então!

Em tempo: pra quem nunca ouviu falar de Vanguart, entre no myspace dos meninos: http://www.myspace.com/vanguart

E pra conferir a inspiração destes moleques, segue a letra de "Semáforo", um de seus sucessos:

Semáforo
Vanguart
Composição: Helio Flanders


Hoje é terça-feira
O céu borrou a cor
Ó minha mão do céu
Ó meu pé do chão
Ó minha mão do céu
Ó meu pé do chão
Eu não ouço você
Eu não ouço você (mais alto)
Eu não creio em você
Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Só acredito
Hoje é terça-feira
E o céu se põe debaixo do tapete
Um tesouro
Eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito não
Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Acredito no coração
Não, não, não
Hoje é terça-feira
Hoje é terça-feira
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos seus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Voam...voam...voam
Com olhos de anis
Com asas de fogo
E meus olhos cheios
De mágoa então.
Hoje é terça-feira
Hoje é terça-feira
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos seus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Querem....morrer...
Querem morrer.

segunda-feira, 23 de março de 2009

As aventuras de Madame CoCo no Expresso do Oriente


Queridos leitores! Quantas saudades eu estava sentindo de vocês!

Bem, vocês sabem como eu sou uma cidadã do mundo e ficar muito tempo parada em uma só cidade por mais de um mês definitivamente me cansa muito. É por isso que estou há tanto tempo sem postar aqui, pois eu precisava dar um mergulho novamente no Rio Nilo. A última vez foi em 1953, mas tive que sair intempestivamente da água por causa de uns crocodilos irritantes que queriam a todo custo fazer de minhas sólidas carnes a sua refeição. Como eu sou desatenta! hihihi! Fora esse contratempo, lembro-me que aquele foi um verão delicioso! Eu estava viajando pelo Expresso do Oriente, aquele conhecidíssimo trem que a minha amiga Agatha Christie descreve tão bem em um de seus livros de mistério mais aclamados.

Aliás, devo fazer uma revelação a vocês, caros leitores, pois tenho um sério compromisso com a verdade. Agora que minha querida amiga já está no além, ela me autorizou a contar que a famosa história de seu romance é altamente verdadeira! Não há nada de fictício no assassinato desvendado por aquele charmoso inspetor belga, o Hercule Poirot. (Devo confessar que após ele solucionar o mistério, tivemos um breve affair, mas os detalhes picantes dessa história eu não posso contar, meus queridos leitores, pois, como sabem, eu sou uma mulher reservadíssima e acho indelicado revelar certas coisas aqui! hihihi).



Bem, para quem não conhece a história, vou contar algumas de minhas lembranças mais fortes. Em 1935, desiludida por conta do fracasso de uma das minhas coleções outono-inverno, decidi embarcar no Expresso do Oriente para esquecer as mágoas e dar uma sacudida na poeira. Sabem como é, viajar é sempre o melhor remédio e fazer o percurso de Paris até Budapeste a bordo daquele magnífico trem me parecia a idéia mais sensata a seguir. Mal sabia eu que eu seria praticamente testemunha de um dos assassinatos mais misteriosos e famosos da história e que depois seria retratado na literatura e até no cinema! Aliás, meus caros, minha grande amiga Agatha até me concedeu a imortalidade dando a uma de suas personagens do livro a minha identidade.


Ela ficou muito agradecida com o meu relato dos fatos, que resultou em seu extraordinário romance, e depois quis me homenagear através de uma das personagens, aliás, a única fictícia da história, depois vocês saberão o porquê. Pois bem, vocês já devem estar mortos de curiosidade sobre quem sou euzinha nesta história, não é mesmo?

Os fatos que vou relatar a seguir são muito dramáticos e até hoje me causam uma certa consternação, meus amigos. Tudo aconteceu naquele inverno pavoroso de 1930, quando uma linda garotinha, a menina Daisy Armstrong, foi seqüestrada enquanto dormia e, mesmo após seu pai ter pago o resgate, a pobrezinha apareceu morta.

Cinco anos mais tarde, o nosso viril inspetor Poirot apanhou o trem em Istambul, pois seus planos eram passar umas férias tranqüilas a bordo do Expresso do Oriente, a caminho de Calais, na França, com conexão para Londres. Mas seus planos foram por água abaixo quando Poirot foi convidado a solucionar um caso que acontecera bem no meu vagão, na noite posterior a sua chegada.

Um dos passageiros, o senhor Ratchett, foi encontrado morto pelo mordomo, na manhã seguinte. Eu cruzei pelo corredor com o senhor Ratchett, um cavalheiro de aparência muito distinta, assim que subi no trem. Desastrada que eu sou, deixei cair sem querer meu lencinho de seda aos pés do senhor Ratchett, que tão educadamente o pegou e me entregou. Após este fato pitoresco, tomamos uma chícara de chá preto com biscoitos no vagão-restaurante. Foi uma tarde incrível! O senhor Ratchett tinha um humor adorável e me contou algumas histórias um tanto quanto curiosas sobre sua vida.

Imaginem só a minha consternação um dia depois, quando soube que ele fora assassinado e ainda por cima no meu vagão! Foi uma desolação só, tive de tomar alguns comprimidos para me acalmar e, em seguida, aconteceu o meu primeiro contato com o inspetor Hercule Poirot, que me interrogou. Lembro-me como se fosse hoje de seu charmoso bigode e de seus olhos que tentavam me perscrutar, tentando ao máximo colher informações que eu pudesse estar escondendo em meu relato, mas que, de alguma forma, meus olhos deixassem escapar. Que magnetismo aquele homem tinha, meu Deus!
Eu contei a monsieur Poirot que tinha visto um estranho em minha cabine e depois encontrei o botão de um uniforme e uma adaga manchada de sangue. Ele me revelou que o senhor Ratchett, aquele distinto homem com o qual passei uma tarde tão agradável, era, na verdade, Cassetti, um mafioso que teria pago a um criminoso para seqüestrar e matar a menina Armstrong e, em seguida, fugido com o dinheiro do resgate.

Eu fiquei tão desorientada com tamanha revelação que quase tive uma síncope, se não tivesse sido gentilmente amparada pelos braços fortes do senhor Poirot, que depois disso me conduziu delicadamente até a minha cabine para que eu pudesse descansar.
Caros leitores, a partir daqui o que se segue é um spoiler da história, portanto, quem não a conhece e não deseja saber o final, é melhor que pare de ler este relato agora, pois o livro de Agatha Christie é surpreendente e vale a pena ser lido antes deste meu post.


As investigações de Poirot prosseguiram e ele descobriu que os doze passageiros que havia interrogado tinham algum tipo de ligação com a família Armstrong, seja por parentesco ou amizade, e que todos haviam faltado com a verdade em seus depoimentos. Desta forma, ele concluiu que não havia um único assassino, mas sim doze! Sim, minha gente, cada um destes doze passageiros fazia parte de uma vingança orquestrada pela família da pobre garotinha Daisy Armstrong para matar seu assassino.

Como encontrar doze assassinos é mais difícil do que um só, este crime parecia perfeito aos olhos dos Armstrong. Cada um dos doze foi responsável por dar uma punhalada naquele crápula que assassinou tão friamente a nossa menininha. Bem, vocês querem saber quem eu sou nesta história, certo? Minha querida amiga Agatha reservou pra mim um papel importante na trama, o de Greta Ohlson, interpretada no cinema por ninguém menos do que a diva Ingrid Bergman, que até ganhou um oscar de melhor atriz coadjuvante por sua belíssima atuação no filme de 1974, mas que se consagrou mesmo por seu papel como Ilsa Lund, a foragida de guerra, em Casablanca.



Na história, eu fui uma das que apunhalaram o senhor Ratchett mas devo salientar que esta é a única personagem fictícia do livro. Como Agatha queria me homenagear, eu pedi a ela que me retratasse como uma dama muito da fina e, depois que eu soube que aquele senhor com o qual eu havia flertado não se passava de um criminoso da pior espécie, fiquei louca de vontade de eu mesma ter dado umas punhaladas no infeliz. Assim, a única solução encontrada por minha amiga escritora de incrível imaginação foi me inserir na trama como um dos doze assassinos. Desta forma, eu pude dar a minha punhalada de desforra no senhor Ratchett, mesmo que apenas através da ficção.

Portanto, na realidade o senhor Ratchet foi assassinado por onze passageiros do trem, e não por doze, como é relatado no livro. Eu posso até ter me enganado quando conheci o senhor Ratchett e nutri por ele uma ilusão amorosa mas, meus caros leitores, ainda bem que, depois disso, acertei direitinho com o senhor Hercule Poirot. Continuamos a viagem pelas inebriantes paisagens do Oriente e vivemos um romance lindíssimo, que nem o cinema seria capaz de retratar.

Em tempo: eu sou incapaz de matar uma asquerosa barata - quem dirá um ser humano? - e condeno todo tipo de violência contra qualquer ser vivo. Mas adorei ser retratada no livro como uma assassina impiedosa e elegante! hihihi!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Um breve intervalo...


Caros leitores
Porque Carnaval é Carnaval, seja aqui ou na Burquina Faso, e porque eu também não sou de ferro, decidi cair na folia, mas em Veneza porque eu sou fina. Assim, aviso que este blog vai ficar temporariamente de recesso mas logo que eu voltar da minha trip, trarei novas entrevistas na bagagem.
Kissous!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Adquira já a sua linda vídeo-torradeira!!!

Não sabe que fim dar àquele seu velho video-cassete? Descubra como transformá-lo em uma magnífica torradeira. As torradas saem quentinhas e já marcadas com "VHS". Bacanérrimo! Confira o passo-a-passo: http://www.instructables.com/id/How_to_make_a_VHS_video_toaster/

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um novo conceito de presente












Já pensou em ganhar de presente um magnífico jantar com direito a pernoite no Burj al Arab, o hotel mais luxuoso do mundo, construído em Dubai (a mais hype das cidades atuais), nos Emirados Árabes? Ou quem sabe se no seu próximo aniversário alguém te der um safári na África de presente? Aposto que você não iria achar nada mal. Mas, se os seus amigos forem menos abastados, talvez eles lhe proporcionem uma tarde de degustação em alguma chocolateria de Paris.

Achou absurdas as idéias acima? Pois saiba que a última moda em presentear na Europa agora responde por um nome: Smartbox. Trata-se de uma caixinha com um livreto e um cupom que funciona mais ou menos como aqueles famosos - e arcaicos - vales-presentes.










A idéia é mais ou menos assim: em vez de presentear alguém com um produto, seja um perfume, um CD, DVD ou um livro, porque não proporcionar a essa pessoa uma experiência realmente inesquecível? Nada contra um bom perfume francês, mas, cá pra nós, tem hora que a gente não faz idéia do que dar de presente para aquele amigo que mais parece uma esfinge, não é mesmo? Sem contar que o objetivo de um presente é ser marcante. Quer coisa mais marcante do que uma experiência de verdade, seja um banho de cachoeira, um day spa, um vôo de asa delta, um passeio de lancha ou um almoço em uma cantina italiana?


Assim surgiu a idéia da Smartbox. Na caixinha vem um livreto com as mais diversas atividades: passeios off-road, escapadas para hotéis, spas, degustações, workshops, shows, jantares ou almoços em restaurantes e o que mais a cabeça inventar. Há diversas modalidades, como "restaurantes", "hotéis", "bem-estar", "para ele", "para ela", "para casais", "escapada pitoresca", "aventura", "sonhos e delícias", etc.






Há opções para todos os gostos e bolsos. Por cerca de 30 euros (R$ 90), é possível dar de presente a um amigo a tal degustação em uma chocolateria de Paris. Já quem pode desembolsar um pouco mais tem a possibilidade de dar a quem ama um pacote completo em algum hotel de luxo no sul da França ou em qualquer outro país europeu. Seja qual for a opção, mesmo a mais simples acaba sendo i-nes-que-cí-vel.


Esses dias ganhei de presente uma Smartbox de uma amiga. A caixinha surpresa me trazia uma degustação em uma charmosa déli francesa. Foi uma tarde inteira entre baguetes, croissants, brioches, crémes brullés, entre outras guloseimas. Saí cinco quilos mais gorda mas foi uma delícia!

Agora, próximo do aniversário de uma semana deste blog, desafio algum leitor camarada a me dar de presente uma diária no Burj al Arab para eu relaxar um pouquinho. Quem se habilita?


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Madonna e Marilyn finalmente reconciliadas

A velha contenda entre Marilyn Monroe e Madonna pelo título de eterna diva platinada finalmente chegou ao fim. A disputa entre Norma Jean Baker (Marilyn) e Madonna Louise Veronica Ciccone é antiga e ninguém sabe ao certo como começou. O que se sabe é que as duas loiras compartilham uma extensa lista de conquistas amorosas, principalmente no campo presidencial. Além do badalado John F. Kennedy, outros presidentes que também se renderam ao sex appeal das "material girls" foram Bill Clinton, Barack Obama, Sarkozy, Chavez e Traian Basescu (presidente da Romênia).

As duas não se telefonam há um quarto de século. Isso mesmo, meus queridos, 25 anos, a mesma idade de Lourdes Maria Ciccone, a primogênita de Madonna com Iggy Pop. Uma das teorias é a de que Madonna teria ficado fula da vida quando, ao encomendar seu retrato com Andy Warhol, soubera que ele teria feito o de Marilyn primeiro. Esta é uma ferida não cicatrizada para Madonna. Já Marilyn parece não ter gostado nem um pouco de ter sido trocada por Madonna no coração de Bill Clinton. Esta foi a revanche de Madonna, que sempre quis ter o amor de Kennedy e, ao que parece, nunca conseguiu, pois ele sempre foi louco por Marilyn.
O fato é que essa quizila mesquinha entre duas rainhas da indústria pop gerou duas tribos que também não se bicam: os pró-Madonna e anti-Marilyn, também chamados de Madonnistas, e os pró-Marilyn e anti-Madonna, mais conhecidos como Marilynistas.
Como se não bastassem essas duas crias indesejáveis da briga, a contenda tem criado situações saias-justas em premiéres, Emmys, Grammys, festivais de Cannes, entregas do Oscar e outras badalações. As RPs e assessorias de imprensa destes eventos sempre tiveram de tomar extremo cuidado para fazer com que as duas estrelas rivais não se esbarrassem de jeito nenhum. Caso contrário, o anfitrião seria sumariamente defenestrado da agenda das musas. E, convenhamos, ninguém quer dar uma festa onde Madonna e Marilyn Monroe não estejam, certo? É o mesmo que servir cerveja quente em churrasco. Simplesmente não dá.
Disposta a reconciliá-las por eu ser amiga de ambas, insisti durante um ano com os respectivos agentes das musas para promover um encontro entre elas. Na verdade, para lavar a roupa suja mesmo. Afinal, até para um modelo de Saint-Laurent ou Balenciaga, sempre chega a hora dele ir pro tanque. Eis que esse dia finalmente chegou, em minha casa em Zurique, na Suíça, país reconhecido historicamente por sua neutralidade política e excelência no campo da diplomacia.

Me: Afinal de contas, por que é que vocês duas não se bicam, heim?

Marilyn: Eu não tenho nada contra a Madonna, pelo contrário. Acho que ela encontrou o tom certo de loiro pro cabelo dela. E o corte em camadas também ficou perfeito. Mas também acho que ela me sabotou ao filmar Evita, pois todo mundo sabe que essa idéia era minha há anos...
Madonna: Quem você pensa que é, queridinha? Eu e Evita sempre fomos amicíssimas e em seu leito de morte a própria me pediu que eu a interpretasse nos cinemas. Se alguém aqui pode ser chamada de ladra, esse alguém é você, que me roubou o Kennedy...

Marilyn: Aff, que absurdo! Todo mundo sabe que o Kennedy nunca quis saber de você. Você é que sempre arrastou asa pra ele, mesmo quando ele era meu marido!

Madonna: Marido?? Desde quando vocês eram casados? Que eu saiba, a única coisa que você foi dele é amante. Aliás, aquela sua saída do bolo de aniversário, patética por sinal, só comprova sua concubinagem com ele. Uma esposa de bem jamais faria isso.
Marilyn: E desde quando você sabe o que é ser uma esposa de bem?

Madonna: Desde que me casei com Iggy Pop e depois com Guy Ritchie. Eles me fizeram uma mulher melhor. Você devia se casar também, Marilyn. E se converter à Cabala...
Marilyn: Casar? É, pode até ser. Depois de pular de bungee jump do alto do Everest, essa é a minha próxima aventura radical da lista. Agora, Cabala nem pensar! Odeio homens circuncidados! Mas vamos mudar de assunto. Por falar nos seus casamentos, apesar dos escândalos, devo confessar que senti uma pontinha de inveja de você. Seus vestidos ficaram bárbaros, heim, garota? É verdade que foi você mesma quem desenhou os modelos e só mandou pra Miuccia Prada costurar?

Madonna: Isso é uma lenda! Eu lá sei desenhar alguma coisa? (Risos)
Marilyn: Ah, duvido! Você foi sempre tão talentosa! Eu me lembro bem que você era uma excelente desenhista em nosso tempo de colégio...
Madonna: Talentosa, eu? Nunca cheguei nem aos pés de você. Seus espacates, estrelas e paradas de mão sempre foram muito melhores que os meus!

Marilyn: Nossa, que saudade daquela época! Nossos sonhos se resumiam a ser ginastas de sucesso ou bailarinas de nado sincronizado nas Olimpíadas de 86, lembra?

Madonna: Mas é claro que me lembro! Dia desses, até estava pensando em colocar uma piscina de vidro e algumas barras e traves no palco de um dos meus shows, o Hard Candy, mas não achei ninguém a sua altura pra fazer os números comigo...

Marilyn: Ai, querida, jura que você lembrou de mim? Não seja por isso! Eu faço os números com você no show! Mas só se você me deixar cantar Like a Virgin no palco! Adooooro!

Madonna: Like a Virgin não está no repertório, mas pra você participar eu aceito qualquer coisa! Você pode até abrir meu show cantando essa música...
Marilyn: Obaaa! Vou adorar cantar com você no palco! Confesso que eu fiquei um pouco enciumada quando você beijou a Britney Spears naquele seu show. Queria que tivesse sido eu no lugar dela...
Madonna: Ai, querida, aquilo foi um horror, sabia? Coisas do show business. Pra te falar a verdade, eu nem queria dar um selinho naquela guria problemática e alcoólatra...Ela tem bafo de onça pintada! Mas você eu beijaria no palco, com certeza!

Marilyn: Yupiee! Ganhei meu dia hoje! Vai ser um estrondo a gente se beijar em pleno show! Uma ótima jogada de marketing pra mostrar que estamos reconciliadas. Pensa só no que a mídia vai dizer?

Madonna: É mesmo! Isso vai movimentar nossas carreiras!

Marilyn: Quer dar um pulo lá em casa amanhã pra ensaiar?

Madonna: Sério que você topa?! Vou adorar ir até a sua casa!

Marilyn: Então está combinado, querida! Beijo, me bipa!

Madonna: Kissous!!! (kisses + bisous [beijo em francês] - expressão conhecidíssima de Madonna).

Nota de rodapé: É, nada como lembrar de um passado feliz para esquecer as mágoas do presente. Saí emocionadíssima com esse reencontro das duas musas loiras do pop. Quem poderia imaginar que elas foram unha e carne na infância?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Chaplin ao som de "Umbrella"


Ser uma pessoa bem relacionada e influente como eu tem lá suas vantagens. Mais ainda porque sou médium vidente e audiente, meus caros leitores. Esta sensibilidade a mais me dá uma espécie de cartão vip para freqüentar festas fechadas no além-túmulo. Tenho muitos conhecidos lá, pessoas com quem convivi em épocas áureas da minha vida. Um destes queridos amigos é o Cha-cha. Ah, sim, para quem não é íntimo como eu, saiba que estou me referindo a Charles Chaplin. Bem, Chaplin dispensa apresentações.
Ele me recebeu para tomar um chá com biscoitos em seu castelo de veraneio em Glasgow, na Escócia. Sim, minha gente, a imensa construção medieval é assombrada por Charles Chaplin. Mas ele me garante que prega apenas peças inocentes nos turistas, nada muito assustador. Bem a cara de Chaplin. Ele me contou que certa vez, um dos visitantes também era médium e conseguiu vê-lo, tal não foi sua surpresa. Afinal, não é sempre que se vê um morto ilustre como esse assombrando por aí, não é mesmo? Feitas as apresentações, os dois começaram a dançar juntos a música "Umbrella", da Rihana.
Pois é. Estas novidades chegam lá do outro lado e Chaplin é um cara pra lá de antenado - não é por acaso que somos amigos. Aliás, voltando à nossa amizade. Nós nos conhecemos em Paris, no outono de 1956. Ele tinha ido à cidade para comprar botinas novas, pois as suas já estavam gastas, mas não conhecia ninguém que soubesse indicá-lo a um bom sapateiro. Um amigo que temos em comum, o duque de Bourgoignon, me apresentou a ele e eu o levei a uma de minhas maison de couture favoritas. Nossa amizade durou até o dia de sua morte e perdura ainda hoje, dada a minha facilidade de comunicação com os mortos. Bem, chega de rememorar o passado. Cha-cha me recebeu com seu robe de chambre usual e pantufas de gatinho. Disse-me, um pouco chateado, que as de elefante, suas preferidas, estavam na lavanderia do além. Sim, lá também é preciso mandar as roupas para a lavanderia. Confira a nossa conversa.

Então quer dizer que você gosta da Rihana?
Na verdade, eu não diria que sou um aficcionado por ela. Sou mais um curioso, sabe? Aquelas curvas, ah, aquelas curvas! (suspiro) Mas, falando sobre a música dela, ouço direto porque gosto de sacolejar ao som de "Umbrella" com meus patins. Inventei até uma dancinha legal, sente só. (Neste momento, Chaplin se levanta de sua poltrona à Luis XV, pega um guarda-chuva que estava encostado na lareira, calça os patins no pé, liga o som no volume máximo e sai fazendo piruetas de balé misturadas com passos de hip hop pelo chão de mármore, imitando também a dancinha de "Cantando na Chuva" com a maior destreza desse mundo.)

Cha-cha, por quem você está esperando loucamente que desencarne?
Ah, sabe, essa é uma pergunta difícil de responder porque tenho vários amigos ainda vivos. Mas, apenas pra citar duas pessoas, ano passado eu fiquei nas nuvens - literalmente, né? - quando a Dercy Gonçalves finalmente desencarnou. Ela é um barato! Não me dá sossego o dia inteiro. A gente sempre vai nas festinhas lá embaixo (refere-se ao Inferno), escondidos, é claro. E o melhor é que é tudo na faixa! Um cara que eu não vejo a hora de encontrar por aqui é o Woody Allen. Apesar de não entender muito as piadas dele, eu rio à beça com aquela cara de paspalho que ele faz.

É de se espantar que você diga não entender as piadas de Woody Allen, logo você...
Na verdade eu até entendo, mas assisto aos filmes dele mais pela Scarlet Johansson, que me lembra muito minha ex-namorada Marilyn (referindo-se a Marilyn Monroe). Acredita que ela continua sem falar comigo? Isso me deixa muito chateado às vezes. Tanto que outro dia decidi alugar um filme do Woody Allen em que a Scarlet não tem nenhum papel. Aí sim eu entendi várias sacadas do filme.

E de que parte do filme você gostou mais?
Sabe que antes disso eu não tinha percebido a genialidade do Woody? Tem uma cena no filme em que ele está caminhando pelo parque com o discípulo dele e me solta essa pérola aqui: "Sabe, Fredy (não sei se era realmente esse o nome do cara), de nada me serviu a Física Quântica depois que a inventaram. Essa história de que tempo e espaço é tudo a mesma coisa só complica a minha vida. Por exemplo. Se um dia, estando atrasado, eu perguntar as horas pra alguém e o cara me responder que 'são seis quilômetros', o que é que eu vou fazer com essa informação?"

Risos...
Depois disso, fiquei pensando e cheguei à conclusão de que o Woody estava certo. Fui direto esclarecer a coisa com o Einstein, inventor da Física Quântica. Ele me disse que depois que passou pro lado de cá não quer mais saber dessa história. Afinal, ele desperdiçou a encarnação dele inteira tentando decifrar o tempo e agora que tem a possibilidade de fazer viagens ao passado e ao futuro não precisa mais ficar pensando muito no assunto. Apenas compra seu bilhete de trem e de vez em quando vai dar umas voltinhas na Roma de Nero ou na China de Genghis Khan pra ver como estão as coisas. Isso sim é muito mais divertido do que ficar inventando um monte de equações matemáticas pros físicos atuais quebrarem a cabeça.

Não é que Chaplin tem razão?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Encruzilhada.com

Ai, minha flor! Eu fico meio pasmo com como ainda, em pleno século XXI, as pessoas são presas a velhos métodos. Sim, são sim. É um conservadorismo muito preguiçoso em que a gente vive, não é verdade? Mas acontece, minha flor, que essa desatualização toda também se reflete na religião. Ah, reflete sim, pense bem! Olha, eu vou te provar isso... Mas não pense que estou falando da Igreja Católica, porque sobre ela a gente nem fala – é, porque quando você pensa que ela está se atualizando, lá vem um balde de água fria que deixa tudo pior do que antes (camisinha que o diga, minha flor).
Eu quero falar mesmo é da desatualização de religiões até novas. É, minha flor, eu estou falando da macumba mesmo, que quase todo mundo vai atrás um dia pra pegar aquele namorado safado com a outra ou pra conseguir um marido safado pra si – ou você vai me dizer que isso não acontece? As batinas e as orelhas do padre que o digam, minha flor! Mas enfim, vamos à atualização – ou melhor à desatualização. Isso porque nem vou questionar se isso existe ou não, mas que o povo é chegado num ziriguidum...
Gente, pensem bem: se hoje já existem notícias de psicógrafos que falam com seus mortinhos por computador, imagine só o que os pais e mães de santo não podem fazer? O Chico Xavier só não usava computador porque estava velhinho e doente, e o computador não era algo que desse tempo de ele entrar em contato enquanto vivo. Mas os praticantes atuais já podem fazer uso da tecnologia.
Já imaginaram que chiquérrimo um despacho virtual? Você usa os elementos do Flash Player com desenhos em gif ou jpg e, minha flor, fica tudo lindo! Você não suja nem o terreiro, menos ainda seu vestido branco rodado! Fora que você vai fazer um bem à mãe-natureza. Ah, vai sim, minha flor! Vai evitar que pobres bodes e galinhas sejam sacrificados! O que vale é a intenção, não é verdade? Então, você pode fazer um sacrifício virtual do seu bodinho ou da sua galinha preta! Aí, nem o IBAMA, nem o PETA ou Greenpeace vão te atacar. E outros elementos também. Estamos em geração saúde, minha flor, pra que ficar tomando cachaça e fumando charuto? Faça a pinga da boa do orixá e um havano caríssimo e chiquérrimo no seu computador – ou melhor, no notebook! E quando estiverem mais disponíveis as projeções holográficas, querida... Affe! Vai ser um ritual lindo, com goles, baforadas, galinhas cacarejando, bodes berrando e T U D O sem sujeira, politicamente correto com a saúde, até a ANVISA vai ficar de queixo caído, minha flor! Outra coisa que as pessoas precisam entender é que orixá também é gente. E, como seres elevados, têm bom gosto e refinamento sim! Os romanos e os gregos já sabiam disso há muito tempo, minha flor. Olha só os deuses deles: lindos, tesudos, chiques, poderosíssimos! Vá conferir os templos que restaram e você verá que eles eram importantes. E as pessoas entendiam isso, se não, não gastariam tanto pra agradar seus deuses. Agora, hoje, aqui no Brasil, as pessoas fazem cada coisa mixuruca pros seus orixazinhos... Dá dó, minha flor! Há um total desrespeito! Vem cá, bem, você acha que só porque eles são da África não gostam de coisas bem feitas? Preconceito dessa sociedade atrasada, minha flor! Muito chato! Querida, as pessoas ficam fazendo pedidos pra Iemanjá no réveillon, mandando oferenda, casinha, flor branca e tudo mais. Iemanjá, gente, é uma moça ousada, de energia, com bom gosto! Você acha mesmo que com praias lindas no Taiti e no Hawaii, cheias de gente rica e bonita, ela vai baixar na Praia Grande? Ah, me poupe! Tudo bem que existe boa intenção das pessoas que fazem isso, mas, convenhamos, né, meus amores! Aquilo deve ir pra alguma sobrinha pequena da Iemanjá que adora brincar com as coisas da tia. Aquele batom do camelô, aquela pulseira que você comprou do cigano... por favor! Orixá não é burra! Iemanjá deve, no máximo, dar uma passeadinha em Fortaleza antes da meia-noite.
Outra coisa que poderiam atualizar é o local de onde deixar o trabalho. Primeiro que hoje já tem delivery suficiente pra poder mandar entregar o trabalho onde você quiser, basta dar uma telefonadinha que um motoboy atende prontamente! E o lugar deve ser escolhido já com as intenções do despacho, minha flor. Deixar em encruzilhada é furada, pode passar qualquer morto de fome e levar a panela pra casa e fazê-la de cesta básica. Olha só, por exemplo, se você quer arrumar um marido elegante, experiente, maduro e rico, você vai procurar deixar o seu trabalho em frente a uma empresa multinacional, em frente à concessionária da Ferrari, em frente ao City Bank ou ao Bank Boston. Se você deixar em frente ao Bradesco, minha flor, suas intenções não serão bem executadas. Quer um namorado sarado, malhado, com um corpão lindo, você vai deixar o trabalho em frente a uma boa academia, como a Formula Fitness e Bio Ritmo, e não na da D. Zuleide, que usa lata velha de tinta com concreto como peso de halteres. Ah, nesse caso, é só deixar também em frente a uma boate gay, minha flor, que os corpos são do mesmo estilo: sarados no ponto! Quer um marido fogoso, caliente, sensual e sexy, você tem que mandar seu despacho pra Espanha ou pra casa do Johnny Depp ou do Antônio Banderas. Uma outra opção, seria para um ponto de garotos de programa ou pra frente de uma produtora de filmes pornôs – boates gay também, minha flor. Agora, se você quer um cara inteligente, que te faça babar de tanto conhecimento, mande o trabalho pra USP ou pro Japão e já faça outro despacho pedindo o amante. E se você quiser um marido hétero, lindo, rico, experiente, sensual, sarado, inteligente e que a ouça, minha flor, pode mandar o trabalho pra porta da maternidade – sim, porque esse ainda está pra nascer!

Johnny Affe (amigo e consultor de estilo de Madame CoCo)

Adeus, Cosmopolitan...




Andei circulando por bares descolados de Nova York e percebi que o Cosmopolitan está com seus dias contados. Já não era sem tempo. O drink favorito de Carrie Bradshaw, a famosa personagem de Sex and The City (lembra daquela série de tevê suuuuper hypada dos anos 70?) ficou nada mais do que 35 anos encabeçando a lista dos mais pedidos - e bebidos - da Big Apple. Ele foi passado pra trás por uma bebida batizada com um nome pra lá de poético: Serendipity. A palavra, que em inglês significa uma descoberta formidável e de forma acidental, foi a perfeita escolha para o batismo do drink, que foi descoberto ao acaso. Aí vem a história: Johnny Stevens, barmen do Scores, o point dos antenados de Manhattan, deixou cair acidentalmente Coca-cola fermentada de arroz (que trouxera de uma de suas viagens à China) em seu drink matinal de saquê com suco de amora. O resultado se traduziu em uma bebida de sabor sofisticado e açucarado, mas com um leve toque de azedinho por conta da amora. Johnny jamais esperava que aquele drink - que ele considerava bizarro pois um de seus ingredientes era a tal Coca-cola de arroz - faria sucesso entre os clientes do bar. Pois fez e muito. Ao ver o barmen com o drink na mão, um habituée do lugar logo encomendou o seu. E mais um. E outro. E outro. Saldo da noite: todos os clientes do Scores experimentaram o novo drink da vez - por mais de uma vez - e amaram. Mas todos tiveram de pegar táxis ou sair escorados em alguém. Pudera! A simples combinação de saquê, suco de amora e Coca-cola de arroz é nitroglicerina pura para quem é fraco com álcool, pois se o saquê sozinho já sobe facilmente, imagine se combinado a outra bebida feita à base de sacarose de arroz. Mas que o Serendipity é uma delícia, é. Com certeza ele veio pra ficar.

Manifesto contemporâneo


Vivemos numa era em que não basta estarmos ligados no presente. É preciso que este presente já esteja com os dois pés no futuro. Mal uma novidade chega, já é substituída por outra, que, no minuto seguinte já ficou pra trás. Essa é a Ditadura da Atualidade, cultuada por repórteres moderninhos, médicos moderninhos, publicitários moderninhos, engenheiros moderninhos, cineastas moderninhos e todo o tipo de moderninho que se acha cool porque ouve a Mallu Magalhães -nada contra o talento da guria debutante, e sim contra a sua modinha chatinha - vai ao CB ou ao Studio SP e está sempre circulando pela Augusta.
Sim, este blog não é nada democrático. Ele é lotado de idiossincrasias e o que queremos combater aqui é esta pressa desenfreada pelo novo, essa disputa pra ver quem descobre primeiro a "maior banda dos últimos tempos da última semana". Definitivamente, estamos cansados da Ditadura da Atualidade, mas é preciso botar os pingos nos is primeiro. Este blog não tem a pretensão de ser chamado de retrô, apesar de adorar tudo o que é vintage, nem muito menos quer combater o novo. De jeito algum. Não somos saudosistas nem futuristas de nada. Apenas não entendemos porque algo que surgiu há um ou dez anos é considerado antiquado pra muitos. Aqui cabe uma reflexão histórica. Se olharmos pra trás, veremos que todos os movimentos e seus ismos - Romantismo, Realismo, Modernismo, etc - demoraram no mínimo uma década para se solidificar. E eles ainda reverberam até hoje. Ou vai dizer que carta de amor pra namorado caiu em desuso? Vai dizer que o sexo, que o Realismo descobriu como explorar, está fora de moda? E Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Pagu, quem vai ter coragem de dizer que não continuam atualíssimos? Heim, heim? Além do mais, são todas essas referências da época de nossas avós e bisas que asfaltaram o terreno para que as novidades que tanto cultuamos pudessem chegar.
Voltando à "fofíssima" (como muitos a chamam) da Mallu Magalhães: quem seria essa guria hoje se lá atrás, em 1941, não tivesse nascido um magrelo de cabelos enrolados cujo nome é Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan? Ela provavelmente estaria delirando ao som de Rebelde ou Rihana hoje, vai saber. O interessante de tudo isso é que os adolescentes alucinados pela Malluzinha fofinha mal se dão ao trabalho de saber quem é o Robert Allen Zimmerman que a influenciou a compor suas belas canções. Ainda bem que ele não está nem aí pra isso. Afinal, Bob Dylan não precisa ser lembrado, mas cultuado. E ai de quem pense o contrário. Catiripapo na certa!
O que propomos aqui não é uma ode ao passado e um sumário esquecimento do presente. Não!!! A gente adora a Amy Winehouse, mas também amamos a Edith Piaf! Propomos neste espaço a reconciliação do presente com passado e, por extensão, o futuro. Avô, pai e netos do tempo convivendo em perfeita harmonia, como reza a ordem das coisas (apesar de a Física Quântica, outra coisa antiga, já ter provado que o tempo não existe, mas isso é assunto pra depois. Não vamos confundir a cabeça dos nossos leitores.).
Propomos ainda a abolição do termo Atualidade. Ou melhor, sejamos mais leves. Propomos uma substituição pela palavra Contemporaneidade que, além de tudo, é muito mais elegante por ter mais sílabas. Mas o que vem a ser essa tal de Contemporaneidade? Que ninguém jogue pedra agora, dizendo que a palavra acaba de ser inventada para justificar o movimento. De forma alguma, muito pelo contrário, nosso movimento tem sólidas bases teóricas.
Estamos amparados histórica e filosoficamente por dois grandes pensadores dos séculos 20 e 21: o historiador britânico Eric Hobsbawm, nascido em 1917 e ainda vivo, e o filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, nascido em 1921 e ainda vivo também. Estes dois gigantes do pensamento contemporâneo viveram praticamente todo o século 20 e continuam atuantes ainda hoje. E ambos concordam que a História deve ser observada com uma lupa macroscópica, em períodos maiores de tempo. Hobsbawm por exemplo, em seu livro "Era dos Extremos" apelidou o século passado de "O Breve Século 20" pois, para ele, este período não se iniciou em 1900 ou 1901 e acabou no ano 2000. O historiador divide o século passado da seguinte forma: ele se iniciou em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial e terminou em 1989, com a queda do Muro de Berlim. Para a História, não é o tempo cronólogico que importa, mas as mudanças que foram determinantes no período. Ou seja, se o século 20 acabou em 1989, não podemos dizer que uma banda como Nirvana, que foi fundada em 1987 e desfeita em 1994 com a morte trágica de Kurt Cobain, seja do século passado. Não. O Nirvana é tão do nosso século quanto o Fresno. E cada macaco no seu galho.
Pra simplificar. Contemporâneo é tudo aquilo que é atual e perdura. Como um pretinho básico de Coco Channel, minha chará. O contemporâneo nunca sai de moda, enquanto que o atual é sempre fugaz. Então, sejamos contemporâneos, é muito mais chic, cool, in, minha gente! Para celebrarmos este que tem a pretensão sim de se tornar um movimento, segue a nossa música-tema. Antes dos chatonildos de plantão jogarem pedras por ela ser dos Engenheiros do Hawaii, vai uma observação. A banda é atualíssima - melhor dizendo, contemporaníssima - pois suas letras, escritas em meados da década de 90, ainda fazem sentido hoje. Amem ou odeiem Humberto Gessinger, isso não vem ao caso. Aqui só importa o que ele escreveu, em 1990, dois anos antes do nascimento da nossa querida Mallu Magalhães que, justiça seja feita, é ótima.

Nunca Mais Poder
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um relógio antigo
No underground
No mainstream
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Ontem
Ano passado
Antigamente
Amanhã
Ano que vem
Ano dois mil
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Da boca pra fora
Do fundo do coração
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo(cultura e hora certa pra você)
Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um relógio antigo
Atrás de brilho e de barulho
Escondido dentro de si mesmo
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Em Havana
No Havaí
No Hawaii
Na highway
Malditos
Benditos
Acabados e infinitos
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Quem cura
Quem envenena
Quem gera
Quem extermina
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo
Então? porque este medo de ficar prá trás?
De não ser sempre mais?
De nunca mais poder?
Então? porque este medo de ficar prá trás?
De não ser sempre mais?
De nunca mais poder?
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo
Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um calendário do ano passado
Como a Coluna Prestes
As colunas do Niemeyer
Como a Holanda de 74
Um símbolo sexual dos anos 60
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
O papa é moderno
O pop é eterno
Então? porque este medo de ficar prá trás?
De não ser sempre mais?
De nunca mais poder?
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno